Diz-me tu!
Ainda de manhã o meu olhar fugia para os verdes luminosos. Encantavam-me as belas cores das flores que pintam os campos.
Deslumbravam-me o vermelho das papoilas e o roxo daquelas flores tão pequeninas que salpicam a paisagem.
Ainda há pouco o dia começava e um leque de expectativas se abria para mim.
Ainda há pouco ...
Agora os campos estão mais tristes.
As flores desbotadas.
A luz irradiada para bem longe.
Os olhos já não se deslumbram com a paisagem que corre, veloz. Agora invisível.
Agora, apenas cenário gasto onde desfilam as imagens de um dia que passou.
Volto atrás e vejo os movimentos de todos os dias, hoje feitos com mais cuidado.
Os minutos contados com o coração nas mãos.
O nascer do sol vibrante de cores.
O vermelho do céu mais rubro.
As águas mais brilhantes.
De regresso a casa o quadro reveste-se de negro. As cores perderam nitidez.
De regresso a casa o coração chora.
Os olhos sangram.
As mãos pendem - vazias de ti.
A felicidade ficou lá. Agarrada a um corpo.
Os meus olhos, antes luminosos, apenas espelham saudade. Sangram da perda.
Como explicar? Como explicar-me nesta fase da vida, um sentimento tão violento. Um amor tão intenso.
Como diminuir a dor nas longas horas em que não estás?
Como encher o vazio das noites em que não te abraço?
Diz-me tu que és o centro da minha vida.
Diz-me tu que és a Vida.