"Departure number eight"
Gotas salgadas inundam o entardecer.
Punhos fechados proclamam a dor enquanto os dentes cerrados abafam o grito.
Não, não é pelo prazer ou pela falta dele.
É aquele buraco sem tamanho que me ocupa toda - aqui, onde antes existias. É aquela dor que oprime e derruba para além da minha vontade.
Quero lembrar outras coisas, ou então tornar-me em pedra. Abrigar-me por detrás de um alto muro de cimento para que esta invasão não me atinja, mas nada resulta. A pedra afinal é areia que se desfaz com as lágrimas e o muro torna-se impossível de erguer quando as mãos a isso se recusam.
As mãos agarram ainda outras mãos - invisíveis.
As mãos tecem o contorno de um rosto - intocável agora.
As mãos sentem ainda sob elas a tua pele - sedenta da minha.
Confundidas com o vazio, as mãos preenchem com a caneta palavras que nunca dizem tudo, enquanto os olhos iludem a falta dos teus num espelho de água.
Impossível não sofrer, amor.
Tu também não consegues.
Punhos fechados proclamam a dor enquanto os dentes cerrados abafam o grito.
Não, não é pelo prazer ou pela falta dele.
É aquele buraco sem tamanho que me ocupa toda - aqui, onde antes existias. É aquela dor que oprime e derruba para além da minha vontade.
Quero lembrar outras coisas, ou então tornar-me em pedra. Abrigar-me por detrás de um alto muro de cimento para que esta invasão não me atinja, mas nada resulta. A pedra afinal é areia que se desfaz com as lágrimas e o muro torna-se impossível de erguer quando as mãos a isso se recusam.
As mãos agarram ainda outras mãos - invisíveis.
As mãos tecem o contorno de um rosto - intocável agora.
As mãos sentem ainda sob elas a tua pele - sedenta da minha.
Confundidas com o vazio, as mãos preenchem com a caneta palavras que nunca dizem tudo, enquanto os olhos iludem a falta dos teus num espelho de água.
Impossível não sofrer, amor.
Tu também não consegues.