Wednesday, June 28, 2006

"Departure number eight"

Gotas salgadas inundam o entardecer.
Punhos fechados proclamam a dor enquanto os dentes cerrados abafam o grito.
Não, não é pelo prazer ou pela falta dele.
É aquele buraco sem tamanho que me ocupa toda - aqui, onde antes existias. É aquela dor que oprime e derruba para além da minha vontade.
Quero lembrar outras coisas, ou então tornar-me em pedra. Abrigar-me por detrás de um alto muro de cimento para que esta invasão não me atinja, mas nada resulta. A pedra afinal é areia que se desfaz com as lágrimas e o muro torna-se impossível de erguer quando as mãos a isso se recusam.
As mãos agarram ainda outras mãos - invisíveis.
As mãos tecem o contorno de um rosto - intocável agora.
As mãos sentem ainda sob elas a tua pele - sedenta da minha.
Confundidas com o vazio, as mãos preenchem com a caneta palavras que nunca dizem tudo, enquanto os olhos iludem a falta dos teus num espelho de água.
Impossível não sofrer, amor.
Tu também não consegues.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Difícil é o regresso, saber que o bom tempo acabou ali, agora só resta o recordar, o sentir ainda o sabor dos teus beijos, pensar no brilho dos teus olhos, o carinho do teu coração, cheirar o resto do aroma dos nossos corpos. O último beijo dado rapidamente é uma porta aberta para o reencontro, mas também uma ferida aberta efectivamente de dor e lágrimas. Um sentimento muito grande deste Amor verdadeiro, intemporal.
Depois vem ao pensamento o que ficou por dizer, o que ficou por fazer, o bom que foi e o mau que é.
Depois vem ao pensamento o dia em que o bom tempo não acabe e as lágrimas de tristeza acabem.

7:09 PM  
Blogger Su said...

As mãos agarram ainda outras mãos -invisíveis.
As mãos tecem o contorno de um rosto - intocável agora.
As mãos sentem ainda sob elas a tua pele - sedenta da minha.



gosteiiiiiiiiiiiiiiiiiii
jocas maradas

8:00 PM  
Blogger CLÁUDIA said...

A vida não nos deixa mesmo outra possibilidade, não é? Se decidimos "viver" e não apenas "existir" não temos fuga possível. O sofrimento é inevitável...

Espero que sempre entrecortado por muitos e intensos momentos de outras emoções bem mais agradáveis e recompensadoras.

Passo por aqui quase todos os dias. Não tenho tido muito tempo para comentar. Hoje tive que parar.

Beijinho grande *** Fica bem.

12:25 PM  

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