Sunday, July 30, 2006

Sem ti

Sem ti
o tempo arrasta-se,
- lagarta pesada e viscosa
em cujos anéis me enredo.

Sem ti,
cada hora passa
com a lentidão de um dia,
e a cada uma afloras
com a persistência de um relógio.

Sem ti,
criam-se clareiras de sombra
na minha vida,
explodem buracos negros
em que me afundo e perco.

Sem ti
morrem sonhos,
escurece o olhar,
sobram os gestos.

Sem ti,
não quero.

Friday, July 28, 2006

Procura

Procurei-te no meu sonho
em ruas desenhadas a treva
e atrás de portas que eu mesma rasguei.

Procurei-te no brilho do luar
- espelho mágico que poderia reflectir-te,
e nas estrelas que poderiam projectar-te.

Busquei-te nas sombras do meu quarto,
e nas dobras dos meus lençóis
como velas enfunadas na noite.

Procurei-te no meu sonho
disfarçado na brisa
que me levava voando,
disfarçado no Sol
que me dourava a pele.

Procurei-te no meu sonho.
Não estavas!

Encontrei-te nos meus sonhos.

Thursday, July 27, 2006

Hoje adormeci nos teus braços

Hoje adormeci nos teus braços.
Por momentos o abraço gerou o sonho.
Apenas por um momento - um sonho no tempo de um abraço.
Disseste-me que a respiração subitamente mais pesada, me levou.
Nos teus braços, embalada no abraço que queríamos eterno.
A tua cabeça no conchego do meu braço. O teu corpo no encaixe do meu corpo.
A nossa respiração, uma só.
A nossa pele, um mapa onde desenhamos os desejos.

Hoje adormeci nos teus braços.
Por momentos vivemos um sonho.
Acordei e os teus olhos sorriam para mim.
Acordei e as carícias transformavam-se em palavras.

Hoje recebeste-me no teu abraço.
Sonhei-te.
Um pouco de mim ficou lá. Guardado no teu olhar. Gravado na tua pele.
Um pouco de ti veio comigo.
No conchego do meu braço onde te abraço.
No corpo que te acolheu e onde te abrigo.

Hoje adormeci nos teus braços e sonhei que era para sempre.

Thursday, July 20, 2006

Pelo menos o teu olhar ...

Amor,
deixa-me levar o teu olhar!
Tenho de partir
mas pelo menos,
deixa-me guardar
o brilho pleno de estrelas
quando me amas,
o reflexo do garoto quando
me provocas,
e o espelho de água que reflectes
quando parto!

Pelo menos isso, amor ...
pelo menos deixa-me levar o teu olhar!

(Sinto tanto a falta das tuas mãos a afagar os meus cabelos, preciso tanto dos teus carinhos, é tão bom passear contigo ... Amo-te muito meu doce. Besos sonhados. J.)

Wednesday, July 12, 2006

Um dia sem ti

Há dias que queria envoltos na penumbra do esquecimento. Demasiado longos!
A tua presença demasiado nítida e tu demasiado longe.
Há dias em que os abraços por dar machucam, lembrados por aquele aperto tornado presente.
Há dias antecipadamente conhecidos como tristes.
Nasceram já marcados assim.
Levo estes dias a fugir de mim, escondida atrás de uma azáfama prepositadamente calculada - o pensamento deliberadamente esvaziado de ti e ocupado com labirínticas cogitações em que me obrigo a perder. Algumas há que preferia esquecer, enquanto outras gravaria com traços de luz, para que sempre presentes, me iluminassem a vida.