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"(...) Mas ainda que possa distinguir o que é o prazer do sexo e o prazer da alma, na minha cabeça ambos se misturam e nem mesmo como um acto de sobrevivência quero o primeiro sem o segundo. Aliás acredito ser esse o traço distintivo da alma feminina e também um dos mais altos preços que se paga para viver como mulher".
ALMEIDA, Germano, "Memórias de um Espírito", p. 312/3
Tantas vezes quis ultrapassar isto. O prazer da alma e o prazer do sexo.
Dissociá-los, para que o meu agir faça algum sentido.
Para poder amar sem o peso do amor.
Para me dar agora, e depois ficar liberta. Sem saudades, sem a ternura dos gestos. Como um homem, afinal. Um desejo físico que se cumpre e depois mais nada. Limpo, prático, asséptico.
Mas não. Só à custa de muita frieza injectada em mim é que consigo uma pequena aproximação deste sentir. E isto é perder-me lentamente.
Porque com o sexo vem sempre a ternura.
Antes a empatia, depois o sonho.
Antes a sedução, depois a entrega.
Antes o desejo, depois a ternura. E a saudade. E a lembrança. A dôr que nasce da impossibilidade. Os sentimentos.
Era tão mais prático separá-los. Pô-los de lado - os sentimentos. Que nascessem apenas quando valesse a pena. Quando houvesse lugar a retribuição. Quando merecessem existir. E quando não, permanecessem como que desactivados, evitando-se assim a terrível realidade de nos sentirmos efectivamente, infalivelmente sós.
ALMEIDA, Germano, "Memórias de um Espírito", p. 312/3
Tantas vezes quis ultrapassar isto. O prazer da alma e o prazer do sexo.
Dissociá-los, para que o meu agir faça algum sentido.
Para poder amar sem o peso do amor.
Para me dar agora, e depois ficar liberta. Sem saudades, sem a ternura dos gestos. Como um homem, afinal. Um desejo físico que se cumpre e depois mais nada. Limpo, prático, asséptico.
Mas não. Só à custa de muita frieza injectada em mim é que consigo uma pequena aproximação deste sentir. E isto é perder-me lentamente.
Porque com o sexo vem sempre a ternura.
Antes a empatia, depois o sonho.
Antes a sedução, depois a entrega.
Antes o desejo, depois a ternura. E a saudade. E a lembrança. A dôr que nasce da impossibilidade. Os sentimentos.
Era tão mais prático separá-los. Pô-los de lado - os sentimentos. Que nascessem apenas quando valesse a pena. Quando houvesse lugar a retribuição. Quando merecessem existir. E quando não, permanecessem como que desactivados, evitando-se assim a terrível realidade de nos sentirmos efectivamente, infalivelmente sós.
2 Comments:
Eu também pensava assim até me desencantar. Procuro outros encantos, passageiros é certo, e quiçá imbuídos de algum "sentimento", mas vivo-os apenas como prazer carnal. Continuo a gostar da experiência. Sofro menos agora, já que virá um dia, estou certa disso, em que sofrerei novamente. Por amar.
Ah, o amor... como deve ser bom entragá-lo nas mãos da pessoa certa... talvez, quem sabe, nesse dia serei tomada por uma paz infinda que me transformará no ser mais feliz de todo o universo... mas quem será a pessoa certa?!
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