Friday, September 23, 2005

De um amor morto

De um amor morto fica
Um pesado tempo quotidiano
Onde os gestos se esbarram
Ao longo do ano

De um amor morto não fica
Nenhuma memória
O passado se rende
O presente o devora
E os navios do tempo
Agudos e lentos
O levam embora

Pois um amor morto não deixa
Em nós o seu retrato
De infinita demora
É apenas um facto
Que a eternidade ignora

Sophia de Mello Breyner Andresen

3 Comments:

Blogger vero said...

O meu caminho também é longo e tortuoso...muito mesmo...
Mas, a vida continua e a força de amar ajuda-me a levantar... uma e outra vez...
;)
Beijos

9:05 PM  
Blogger Su said...

alguns mortos sim...outros ainda vivos....
jocasss

11:49 PM  
Blogger lobices said...

...a eterna Sophia...
:)*

10:41 AM  

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