Sunday, December 18, 2005

Léxico

Há palavras que não entram no meu léxico. Ou há sentimentos que me sinto impossibilitada de sentir.
Qual a diferença entre "gosto muito de ti" e "amo-te"?
Porque é tão difícil dizer-te "meu amor"?
Há palavras que não entram no meu léxico simplesmente porque não são sentidas.
"Amo-te?" Nunca amei. Nunca achei ter atingido o limite máximo do gostar. E quando solicitada a pronunciá-la, há algo de primordial, algo de muito fundo que me faz cerrar a boca e o coração, como se o facto de o dizer - apenas dizê-lo - mesmo sem o sentir, me esgotasse, violasse em mim a última réstea de pureza e verdade que possuo.
"Amo-te". O último reduto a alcançar. A montanha mais alta. O inatingível e mais puro silêncio. "Amo-te" não pode ser mais uma palavra vã, desvirtuada a sua essência, atraiçoada a sua verdade.
"Amo-te". A palavra que nunca poderei sussurrar.
Eu. Impura. Imperfeita. Infiel. Insegura.
Eu. Fria. Materialista. Libertina.
Eu. Oca. Vazia. Empedernida.
As mãos vazias e o coração palpitante ... aguardando sempre.
Esperando ainda alcançar a montanha mais alta e sentir o silêncio mais puro.

3 Comments:

Blogger escrevi said...

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2:53 PM  
Blogger Su said...

gostei de ler-te
mas posso entender a palavra gostar como a forma luso de amar:)

jocas maradas, eu imperfeita, insegura, materialista e com paletes de defeitos, mas querendo gostar/amar

9:33 PM  
Blogger Mónica said...

pq não? há-de acontecer!

5:27 PM  

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