Wednesday, November 23, 2005

Não sei!

Não sei se desista, se persista.
Esta estrada já vai tão longa.
E os dias felizes
terão sido verdadeiramente
felizes?
Sempre procurei algo mais.
Algo que nunca encontrei.
Será que sozinha
estarei melhor?
Será que encontrarei
o equilíbrio?
Realmente
não sei se desista,
se persista.
Ou se alguém desista de mim
apenas.

Sunday, November 13, 2005

Dança

Vem comigo amor.
Dançar como só nós dois sabemos.
Esta dança de silêncios e gemidos preenchida.
Vem.
Rodopia com o meu corpo
na quietude desta tarde
que se fez quente.
Dá-me a tua mão.
Entrelaça-na minha.
Respira comigo este aroma de desejo.
Puxa-me para ti
e leva-me no teu ritmo.
O meu ritmo.
Dois desejos que se completam
e fundem.
É uma dança só nossa
feita de passos inventados.
E na penumbra das palavras
a música nasce.

Wednesday, November 02, 2005

Farsa

Quado me olhas,
Quando me tocas,
Quando me falas,
Se realmente visses,
Se efectivamente sentisses,
Se claramente me ouvisses,
Perceberias.
Verias esta farsa que representamos.
Os dois.
Lerias as mentiras nos meus lábios
assim como eu as leio nos teus,
e deixarias de fazer perguntas
tolas.
Perguntas de fachada
exigem
respostas à medida
(dos teus desejos).
E os meus desejos?
Sabes quais são?
Não. Nunca tos revelei.
Sou um barco à deriva
no caudal dos teus desejos.
Faço-os meus
e com isso penso
(pensava)
que sou (era) feliz.
Não. Hoje já não!
Hoje sei claramente
a farsa que represento
e pactuo com os jogos
que disputamos.
Assumo as minhas mentiras.
Assumo a minha falta de prazer
como uma inevitabilidade.
Assumo que vivo
uma vida dupla
para nada.
O prazer que não tenho
não compensa o risco.
O amor que não ganho
não supre as minhas faltas.
Procuro o teu corpo
no fim do amor
e já não estás lá.
Procuro os teus olhos
e eles já estão longe.
Afinal ...
penso mesmo que nunca estiveste aqui,
e afinal ...
eu também não!

Tuesday, November 01, 2005

...

O homem não pode de forma alguma impedir de ter pela mulher um desejo que a aborrece; a mulher não pode de forma alguma ter pelo homem uma ternura que o aborrece

Autor: Montherlant , Henri

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